domingo, 20 de novembro de 2016

Ei, Você.


Tão, tão superior, que me olha de cima a baixo, que de tão temente a deus se transformou-se nele.  Sabe quem eu sou?
Sou aquela que vai para o bar, bebe como um pirata enlouquece até o sol raiar e no dia seguinte o faz novamente. Você nunca perguntou o porquê, mas mesmo assim te digo: o que sinto não cabe em mim e tudo o que preciso falar também não cabe aqui, porque cada dia que morro lembro a razão de eu permanecer viva e sem isso as coisas já não fazem muito sentido.
Bebo porque preciso morrer para só então reencarnar melhor, você não entenderia, afinal não passo de uma bêbada chata que continua a dançar quando a música de finda, de que adianta me ouvir, não é mesmo? É assim que teus olhos me veem.
Você me ignora. Todos os dias, o tempo todo e isso seria ok se eu conseguisse lhe ler. Não consigo. Você mente, oculta verdades como se estivesse sempre escondendo algo, mas o quê? Quem? Quem é você afinal?
Entristece-me saber que você, um homem tão culto, que aprecia conhecer lugares novos, acaba por não conhecê-los de fato, nunca se permite abalar por nada que julgue passional, mas qual é a beleza da vida se não vivê-la ao seu máximo?
Mas ainda assim é bom. Sempre disposto a ajudar quem de fato precisa. Bom, tão bom que o quis pra mim, mas eu já deveria saber que uma pessoa doente como eu não tem espaço em vidas como a sua. Eu não tenho nem o direito de me permitir ser parte sua se depois, como um pé de vento, vou bagunçar tudo e fugir. Mas por você eu ficaria. Seria capaz de me fazer brisa só pra ouvir sua risada desengonçada.

Seria você capaz de me salvar de mim, se nem eu mesma sou capaz?

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