sábado, 23 de maio de 2015

Berenice

Berenice da cintura fina e dos olhos grandes, dos dentes imensos, brancos e intimidadores. De paixão, de amor, mas de medo também. 
Berenice não era como todos, desses que se encontram em cada esquina. Ali morava coragem e confusão. Dava a cara a tapa quantas vezes se fizesse necessário, não pelo costume ou gosto, mas pela fé no próximo, por sua própria força. 
Berenice era parte de mim em outro corpo, muito mais mulher do que poderia ser. Me olhava no espelho e do outro lado ela me nutria de conselhos e sangrávamos juntas, onde nos confundíamos, perdidas mas em paz. Só é capaz de se encontrar quem por vezes já se perdeu.
Berenice era presença astral, já que há tanto não podia se quer me valer de um abraço seu, e ainda assim lá ela permanecia por vidas a fio. 
Berenice era sanidade em meio a minha loucura, mas também sabia ser loucura quando me afogava em sanidade, era guilhotina para cortar a corda que me enforcava. 
Berenice não era, mas é. 

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